As cores com que vestimos nossos filhos

por Adriana Alencar

Criança tem de ser criança. A infância é um período único, onde as brincadeiras, o humor, a inocência, a alegria, não são apenas permitidos como incentivados. É uma época colorida, e assim também devem ser as roupas que vestem quem está passando por ela.

Já houve eras em que as crianças eram adultos em miniatura, crescendo sem nenhum tratamento especial por sua juventude; em alguns setores parece que essa atitude está de volta, vemos cada vez mais precocemente a erotização, a paternidade, o incentivo ao estudo exclusivo (sem horas suficientes para o entretenimento) e a influência disso no vestuário. Grifes infantis famosas investem em roupas escuras demais, sóbrias, com detalhes “adultos” como caveiras e símbolos da paz , as mães acham cool e as compram para os seus filhos. Não quero fazer disso uma crítica, cada uma tem o direito de escolher o que achar melhor, inclusive na forma de vesti-los mas, será que não se deve dar uma chance à infância e suas cores?

O arco-íris é fascinante para os pequenos; grandes indústrias de brinquedos sabem do poder das cores e colorem o mais possível os seus produtos para fazê-los atraentes. Os itens pedagógicos quase sempre tem partes coloridas para chamar a atenção e estimular o seu uso. Por que essa mesma lógica não é seguida nas roupas? Pergunte à própria criança, entre um casaco bege e um verde-limão qual ela prefere: na maioria das vezes, responderá o segundo. Ser criança é um passaporte para usar amarelo, azul turquesa, rosa, poás, xadrezes e outras estampas que a moda só permite de vez em quando e para as mais corajosas adeptas. É preciso ter muita personalidade para sair com um look pink e laranja, mas em um vestido pode ser uma combinação maravilhosa. Um tênis colorido após os 21 anos requer uma dose de ousadia, mas o clássico All Star incrementado com personagens conhecidos ou cores diversas é um objeto de desejo de muitos olhinhos. Lembremos também que as cores tem influência no humor das pessoas; esse conhecimento é usado em decoração e começa a ser também pesquisado na Medicina. Você nunca viu um hospital com paredes vermelhas, não é ,mesmo? Mas imagine a cor em uma danceteria, com muitas luzes, não é mais plausível? Por que vestir as crianças de cinza-chumbo, preto, marrom e outras cores mais adultas em total look? Por que não dar vez aos listrados azul-celeste ou às bolsinhas lilás? Quando essas crianças terão a chance de vestir-se assim novamente sem serem taxadas de terem a Síndrome de Peter Pan? (Para quem não sabe, é o nome dado às pessoas que se apegam em demasia à características infantis, ou seja, que não querem crescer).

Vamos levar nossos filhos às compras, deixar que eles escolham e observar as peças. Com certeza o guarda-roupa mudará, ficará mais colorido, mais alegre. A infância nos confere lições maravilhosas que esquecemos, vestir a alma é uma delas. As roupas devem refletir o que somos, não o contrário. Essa é a única oportunidade de vesti-los como crianças, não a disperdicemos!

Um abraço

Adri